No campo
A personalidade das vacas

Na rotina diária das propriedades leiteiras, é comum observar que vacas criadas nas mesmas condições apresentam comportamentos distintos. Algumas são curiosas e se aproximam facilmente de pessoas e objetos novos, enquanto outras são mais reservadas e demoram a se adaptar a mudanças. Essa variação não é aleatória! Estudos comprovam que as vacas possuem personalidades definidas, que influenciam diretamente na produtividade e longevidade e, por isso, compreender esses traços comportamentais é essencial para um manejo mais eficiente do rebanho.
Os dois tipos de personalidade bovina
Atualmente, os especialistas classificam as vacas em dois grandes grupos comportamentais:
- curiosas (ou audaciosas) são as primeiras a explorar novidades no ambiente, como pessoas desconhecidas, objetos diferentes ou novas instalações. Elas se adaptam com mais facilidade a mudanças na dieta, na formação de lotes ou na troca de barracões. Estabelecem dominância social rapidamente e, por isso, tendem a ser mais longevas.
- tímidas evitam interações e demoram mais para se adaptar a novas situações. Podem sofrer maior estresse em transições, como a formação de novos lotes, onde precisam reestabelecer sua posição na hierarquia do grupo. Um dado revelador: no ranking brasileiro de vacas vitalícias, que inclui animais com mais de 100 mil litros de leite produzidos, não há registro de vacas tímidas - todas as campeãs de produção são animais com perfil curioso e dominante.
Identificando a personalidade das vacas
A boa notícia é ser possível identificar o perfil comportamental desses animais de forma simples e precoce. O teste pode ser realizado a partir dos 30 dias de vida (exceto entre 9-12 meses, fase comparável à "adolescência" bovina, quando o comportamento é menos consistente). O método consiste em apresentar um objeto estranho (como um balde colorido ou boneco inflável) ao animal isolado ou em grupo, e observar:
- o tempo que leva para se aproximar;
- a intensidade da interação (se apenas cheira, ou se chega a lamber e "brincar" com o objeto).
Na Fazenda Santa Bárbara, durante testes práticos, uma bezerra curiosa foi a primeira a interagir com um "João Bobo", servindo de exemplo para que as companheiras mais tímidas também se aproximassem. Esse comportamento de facilitação social é valioso no manejo produtivo.
Aplicações práticas no manejo
Entender a personalidade das vacas vai além da curiosidade científica - é uma ferramenta poderosa de gestão. Vacas curiosas são excelentes candidatas para programas de melhoramento genético, pois tendem a ser mais produtivas e longevas. Quando incluídas em lotes com animais mais tímidos, ajudam a adaptação do grupo a novas situações, como mudanças de dieta ou instalações.
Para as vacas tímidas, o conhecimento desse perfil permite adaptar o manejo: introduzir mudanças de forma gradual, evitar reorganizações frequentes de lotes e proporcionar ambientes mais tranquilos. Esses cuidados reduzem o estresse e ajudam a manter a produção estável.
Reconhecer e trabalhar com as diferentes personalidades do rebanho é um passo importante para otimizar a produção leiteira. Vacas curiosas tendem a ser mais produtivas e duradouras, enquanto as tímidas exigem manejo específico para expressar o potencial. Ao observar e respeitar esses traços comportamentais, o produtor pode melhorar o bem-estar animal, a eficiência produtiva e os resultados econômicos da propriedade.
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Leia também: Zona de conforto térmico: essencial para o bem-estar e a produção das vacas leiteiras



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